O avicultor brasileiro enfrenta um novo problema para a exportação de frango. A União Europeia suspendeu as compras de vários frigoríficos.
O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo e a União Europeia um dos principais compradores. O bloco absorve 7,5% do total vendido para fora, e é responsável por 11% da receita de exportações. A União Europeia alega deficiências no sistema de controle sanitário no Brasil. Entre elas o índice da bactéria salmonela, que é considerado alto pelos compradores.
O Brasil vem enfrentando pressão da União Europeia desde março de 2017 quando foi deflagrada a operação Carne Fraca, da Polícia Federal. No mês passado, a terceira fase da operação revelou um esquema para fraudar resultados de testes de salmonela na carne das aves. O Ministério da Agricultura rebateu: disse que nenhum tipo de salmonela encontrado traz risco para a saúde humana.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, esteve recentemente na Bélgica para tentar evitar o descredenciamento, mas não houve acordo. Agora, o Ministério anunciou que vai recorrer à Organização Mundial do Comércio para reverter a decisão.
“Temos a certeza de que nós estamos corretos nesse pleito e que a comunidade europeia está errada. Queremos reparar isso e receber o tratamento deles conforme a gente acha que o Brasil precisa”, disse Blairo Maggi.
O ministro argumenta que a suspensão não é motivada por problemas sanitários. Blairo Maggi acredita que a questão é comercial. Pelas novas exigências da União Europeia o Brasil teria que pagar uma taxa tributária bem maior.
“A nossa reclamação é que a União Europeia diz que é uma questão de saúde, mas se o Brasil resolver pagar o imposto de 1.024 euros por tonelada e mandar tudo para lá como carne in natura, vai entrar sem nenhum problema. Então, não é uma questão de saúde. E nós vamos reclamar na OMC”.
A lista inclui 20 frigoríficos de nove empresas, principalmente a BRF. A maioria das unidades está na região sul. Esses frigoríficos respondem por cerca de 30% da carne de frango que vai pra Europa. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) diz que o mercado interno não tem como absorver o volume que vai deixar de ser exportado. E já tem uma estimativa do impacto do embargo.
“Claro que isso depende do tempo que isso vai durar, esperamos que não dure um ano. Mas se fôssemos projetar isso anualmente vamos perder algo em torno de mais de 300 milhões de dólares. Para o país, isso significa 1 bilhão de reais”, diz o vice-presidente de mercado da ABPA Ricardo Santin.
A BRF destacou que esteve e está à disposição da União Europeia para dar explicações, mas que, até agora, mesmo com várias tentativas, não foi ouvida.
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