Caminhões carregados com aves, bovinos e suínos estão parados nos bloqueios dos caminhoneiros em todas as regiões do país e submetendo os animais à fome. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), há casos de animais sem alimentação há mais de 50 horas. A entidade pede que o movimento dos caminhoneiros cumpra a promessa de liberar o transporte de animais e rações em todos bloqueios, para evitar mortalidades e maiores prejuízos à cadeia produtiva.
“Os danos ao sistema produtivo são graves e demandarão semanas até que se restabeleça o ritmo normal em algumas unidades produtoras”, diz a ABPA.
O fluxo de veículos transportando ração animal também está travado, impedindo a chegada de alimentos às granjas, maior parte são pequenas propriedades. “A situação nas granjas produtoras é gravíssima, com falta de insumos e risco iminente de fome para os animais.”
Sofrimento
A World Animal Protection, instituição internacional de proteção e bem-estar animal, também se manifestou em relação às paralisações. A entidade alerta que a situação está crítica e afeta principalmente suínos e aves. “Em nota, a BRF declara que já detectou falta considerável de abastecimento de ração destinada aos animais alojados em seus produtores rurais parceiros, já impactando cerca de 1 milhão de animais e podendo alcançar a totalidade de seu plante nos próximos dias”, diz.
“É necessário que autoridades e a cadeia produtiva elaborem, urgentemente, um plano de contingência nacional. Pensando não apenas em questões sanitárias, mas, sim, no bem-estar daqueles animais que não conseguem se livrar desta situação, pois estão sob nossa tutela”, destaca José Rodolfo Ciocca, gerente de Agricultura Sustentável da World Animal Protection.
A instituição destaca ainda que os produtores contam com estoque de suprimentos pequeno, o que atende apenas alguns dias a necessidade dos animais e que essa pausa repentina no abastecimento causa fome a milhões deles, além de uma superlotação em granjas, já que os frigoríficos não estão recebendo as cargas.
“Isso gera um sofrimento intenso, pois reduz o espaço para cada animal e aumenta os problemas relacionados ao bem-estar e saúde deles”, diz a World Animal Protection.