As cooperativas agropecuárias brasileiras estão solicitando, por intermédio do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que o governo federal intensifique as negociações visando a retomada da venda de carne suína produzida no Brasil para a Rússia. Em ofício enviado na semana passada ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, a entidade reforça “a necessidade premente de se acirrar os esforços negociais com as autoridades russas, inclusive com a possibilidade de adoção de medidas retaliatórias junto aos principais produtos russos importados atualmente pelo Brasil, fortalecendo a capacidade de pressão e de negociação da autoridade brasileira.”
No documento, o Sistema OCB reconhece o empenho das autoridades do país no sentido de reabrir o mercado russo à carne suína brasileira. Por outro lado, também demonstra preocupação com os prejuízos que vêm se acumulando desde que a Rússia suspendeu a importação do produto, em novembro de 2017. A entidade lembra que no acumulado de janeiro a agosto de 2017, as carnes suínas embarcadas para o mercado russo representaram 25,11% das exportações brasileiras, atingindo o valor de US$ 408,05 milhões, consolidando-se como principal produto exportado pelo Brasil. Além disso, no mesmo período, a Rússia absorveu 49,8% das exportações totais brasileiras. Mas agora, pela primeira vez em muitos anos, houve uma forte alteração de saldo da balança comercial entre os dois países, atualmente deficitária ao Brasil em cerca de R$ 982 milhões, considerando o resultado entre janeiro e agosto deste ano.
Com a interrupção do comércio da carne suína entre os dois países, “as exportações brasileiras reduziram mais do que proporcionalmente, ampliando sobretudo a pressão de oferta do produto ao mercado doméstico e, como consequência, a depreciação dos preços, redução abrupta das margens e acirramento da crise no setor. Para agravar a situação conjuntural, nossas cooperativas realizaram, nos últimos anos, robustos investimentos visando a ampliação e modernização de suas estruturas agroindustriais, o que pressionou ainda mais os seus resultados”, destaca ainda a entidade no ofício encaminhado ao ministro. A OCB reforça que, apesar de várias concessões feitas pelo Brasil, não há perspectivas de que o comércio entre os dois países será restabelecido, após 10 meses de negociações com o governo russo, por isso está solicitando ao Ministério da Agricultura a intensificação das ações de reabertura do mercado.
Em outro ofício enviado ao Ministério da Agricultura, a OCB também solicita que sejam avaliadas alternativas para o remanejamento ou suplementação de R$ 700 milhões ao Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), em recursos equalizáveis pelo Tesouro Nacional. A entidade considera o valor adequado ao atendimento das demandas de financiamento das cooperativas para a safra 2018/19.
No dia 28 de agosto, foram suspensos os pedidos de financiamentos relativos a operações de investimentos no âmbito do Prodecoop, devido ao comprometimento dos recursos destinados ao Programa, em pouco mais de dois meses do início da safra. A OCB ressalta, no entanto, a importância de viabilização de verba suplementar para que o setor possa concretizar os investimentos planejados especialmente em inovação e melhoria dos processos. “Há que se ressaltar que nossos dirigentes enfatizam que os planejamentos propostos de implantação, ampliação e modernização de estruturas agroindustriais se concentram na safra 2018/19, especialmente pela redução dos custos financeiros, hoje em até 7% ao ano, e pelo equilíbrio dos indicadores macroeconômicos, que permitiram uma percepção mais otimista de confiança e uma propensão a novos investimentos, imprescindíveis para a manutenção do ritmo de crescimento de suas cooperativas e, consequentemente, de empregos, da produção agroindustrial e de geração de divisas ao país”, afirma a entidade no documento.