Na avaliação do analista da T&F Consultoria Agroeconômica, Luiz Fernando Pacheco, o cenário projetado para os próximos meses não indica possibilidade de os preços do milho voltarem a subir. De acordo com o especialista, os dados disponíveis indicam aumento na produção do milho brasileiro e expansão nos estoques argentinos do cereal.
“Lemos com espanto artigo de consultoria internacional relatando que, devido à provável redução na produção de milho para a próxima safra de 2018/19, devido ao aumento da área de soja, em virtude da maior demanda chinesa, a tendência dos preços do milho para esta temporada seria de alta. É uma afirmação categórica demais. Os números parecem confirmar o contrário”, sustenta.
As projeções do relatório de outubro do USDA projeta um aumento de 15,24% na produção brasileira de milho e de 28,13% na produção argentina. Isso significaria que a produção conjunta dos dois países aumentaria de 114,0 milhões de toneladas produzidas na safra 2017/18 para 135,5 MT na safra 2018/19.
As projeções da Conab para a safra brasileira estimam um aumento de 11,19%, passando de 81,3MT para 90,4MT. A respeitada consultoria argentina Agritrend projeta um aumento da produção do seu país de 34,38%, passando de 32,0 MT na safra 2017/18 para 43,0MT na safra 2018/19.
“Na projeção de preços para a próxima temporada de 2018/19, temos que levar em consideração, no mercado interno, a provável retomada das exportações brasileiras de carnes, e este será um fator de alta nos preços. No mercado externo, as exportações diretas de milho deverão aumentar 31,82%, mas a sua rentabilidade vai depender do comportamento do dólar no Brasil”, aponta Pacheco.
“Há um terceiro elemento que gostaríamos de mencionar: as importações brasileiras de milho, tanto do Paraguai quanto da Argentina. Com o grande aumento dos estoques finais argentinos, é provável que os preços do milho naquele país também cedam. Se isto se juntar a um dólar de R$ 3,50 ou menos, por exemplo, as compras brasileiras de milho argentino, já ocorridas em várias ocasiões neste ano, poderão se intensificar, pressionando os preços internos para baixo”, conclui.