Objetivo é atender a demanda do mercado por carne mais macia, com ganhos ambientais para a sociedade
A segunda metade dos anos 2000 está sendo marcada por uma revolução na pecuária do Brasil central, mais especificamente em Mato Grosso. O crescimento no abate de bovinos jovens no estado atesta que a carne tem melhorado sua qualidade ano após ano. Se em 2010 a terminação de animais com até 24 meses compreendia apenas 4% do total de abates no ano, em 2019 o percentual subiu para 19%. Neste ano, o volume dessa categoria responde por 18% do total registrado entre os meses de janeiro a julho.
Os dados foram compilados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) a partir do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT), e refletem o investimento em várias etapas da cadeia produtiva da carne. Uso de insumos de qualidade, melhoramento genético, manejo adequado, intensificação da produção, maior capacitação da mão-de-obra, e rigor no processamento e embalagem têm contribuído para o aumento da qualidade dos animais e, consequentemente, da carne bovina.
Além de uma faixa etária mais jovem, as indústrias frigoríficas de Mato Grosso têm registrado uma média de peso maior no momento do abate. Segundo o IBGE, em 2010 o peso médio das carcaças de bovinos abatidos no estado foi de 252 kg, passando para 269 kg em 2019, em um incremento de mais de 6%. O primeiro trimestre de 2020 segue na mesma linha, com média de 265 kg na carcaça – resultado melhor que no primeiro trimestre de 2019, quando o peso médio da carcaça foi de 257 kg.
“Para que isso pudesse ocorrer, uma série de ações foi adotada pelos pecuaristas em Mato Grosso nos últimos anos. Entre elas, investimento em genética, aumento da suplementação proteico energética, crescimento do confinamento e do semiconfinamento, o emprego da integração lavoura-pecuária (ILP) e uma atenção maior às fases iniciais de produção, cria e recria”, explica Bruno de Jesus Andrade, diretor de Operações do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac).
A proporção do abate de animais acima de 36 meses de idade tem diminuído no estado. No ano de 2010 essa categoria representava 46% do total abatido, e em 2019 ficou em 31%, proporção mantida em 2020 (janeiro a julho).
De forma consistente, o mercado tem atestado que animais mais jovens e pesados possuem valor diferenciado. Com isso, as indústrias frigoríficas se adequaram para atender essa exigência de seus clientes. “Sabor, suculência e maciez, atributos que caracterizam uma carne de qualidade, são obtidos com um extenso trabalho de nutrição dos animais, sistema de produção, manejo e genética”, comenta o diretor do Imac.
A produção da carne de qualidade começa antes do nascimento do animal, enquanto ainda é feto, com a nutrição adequada da matriz. Após o nascimento, o animal corretamente manejado, com sanidade em dia e bem alimentado, irá crescer, e sua ossatura, musculatura e gordura poderão se desenvolver apropriadamente.
Animais abatidos mais jovens e mais pesados contribuem também para a produção mais sustentável da carne bovina. Amplia-se a produtividade e a eficiência, com a possibilidade de se produzir mais carne em menos tempo e com uma distribuição em que há mais animais por área. “Tornar a cadeia produtiva mais eficiente ajuda na preservação ambiental e é também uma alternativa com potencial maior de lucratividade para pecuaristas e indústrias. Todos saem ganhando”, pontua Andrade.
Fonte: Notícias Agrícolas