Preços do milho devem se manter firmes pelo menos até a entrada da safrinha em julho de 2021, de acordo com o consultor da Safras & Mercado, Paulo Molinari
O preço do milho encostou nos R$ 70 em algumas praças do Rio Grande do Sul acompanhadas pela consultoria Safras & Mercado. Este é o maior valor nominal de negociação da saca de milho no Brasil. No ano, a variação acumulada chegou a 50%. A recente alta do dólar e a oferta restrita do cereal têm impulsionado as cotações nas últimas duas semanas.
O consultor da Safras, Paulo Molinari, destaca os motivos que causaram o avanço dos preços. “É uma somatória de fatores como taxa de câmbio, exportações dentro do esperado, preço do mercado internacional e a capitalização do produtor que mantém a comercialização cadenciada. Tem outro lado também, o lado da demanda interna brasileira muito forte, como no setor carnes e em outros segmentos”.
Tendência
A expectativa é de preços firmes pelo menos até a entrada da safrinha de 2021, explica Molinari. “No caso do milho, só teremos grande produção capaz de regularizar abastecimento interno em julho de 2021 com a nova safrinha. A nossa safra de verão será pequena, por um plantio pequeno e com os nossos riscos climáticos. Portanto, preços podem continuar subindo. Depende da decisão de venda, taxa de câmbio e fator climático em outubro”.
Consumidor
Tendo em vista os preços recordes por todo o Brasil, o consumidor deve ter atenção na formação dos estoques, de acordo com o consultor. “Os consumidores tinham que ter se preocupado bastante com a situação da soja. Já havia sinalização de problemas com abastecimento em maio e junho. Só que milho começou com alta de preços muito precoce, muito antes do esperado. Nós esperávamos em fevereiro e março e ela vem chegando agora em setembro e outubro. Não tem muita alternativa para o consumidor. Nós temos que fazer uma boa estratégia de estoques. Alongar o máximo possível. Pois, situação só se regulariza via importações, que estão caríssimas, ou entrada da safrinha 2021”.
Risco de abastecimento
Paulo Molinari alerta que há risco de desabastecimento de milho no mercado interno para o primeiro semestre de 2021. “Daqui até janeiro, nós teremos milho brasileiro no mercado interno. Caro, mas existe. Não falta em lugar nenhum. O risco de desabastecimento está concentrado entre janeiro e junho. Com a safra de verão pequena, mais um estoque de 7 ou 8 milhões de toneladas de passagem, não será suficiente para atender toda demanda interna no primeiro semestre do ano que vem”, projeta.
Para corrigir este risco, as únicas opções seriam uma retração no consumo, que é dificultada pelo bom desempenho do setor de carnes, ou pelo aumento das importações, segundo Molinari. No caso das compras do exterior, o mercado brasileiro dependeria, sobretudo, da taxa de câmbio e dos preços na Argentina, que de acordo com a análise do consultor, não são viáveis atualmente.
Fonte: Canal Rural