No ano passado, a Rússia representou 38% do total de carne suína embarcada para o exterior. Foi devido a essa alta representatividade que o setor produtivo estremeceu diante dos embargos do país ao suíno brasileiro. Em apenas um semestre, as exportações de carne suína caíram 19%. O impacto não foi menor, como se vê, devido ao aumento das remessas para a China e Hong Kong. Encontrar novos mercados, tão fortes como a Rússia, é a chave da suinocultura brasileira para continuar crescendo.
Embora mais de 70 países compre a carne suína brasileira, a remessa para a maior parte desses destinos ainda é bastante pequena. Segundo Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), “grandes volumes ainda são muito concentradas em poucos mercados”.
A saída para a carne suína brasileira, no entendimento de Lopes, pode ser a conquista de mercados fortes no consumo dessa proteína, mas que ainda não importam o produto ou o montante importado não seja significativo. São os casos de Coreia do Sul, México e Japão.
No primeiro caso, as primeiras remessas da carne suína brasileira aconteceram nos últimos dois meses depois de uma década de negociações. No entanto, o volume exportado ainda é pequeno, frisa Marcelo Lopes. Ainda há grande espaço para crescimento, uma vez que a Coreia do Sul é considerada o terceiro maior importador de carne suína do mundo e tem um dos maiores consumos per capita de suínos, com cerca de 33kg/ano por pessoa.
Outro mercado importante é o México. Nas últimas semanas, o país passou a sobretaxar a carne suína norte-americana como forma de contrapartida a medidas similares determinadas pelo presidente Donald Trump a produtos mexicanos. Com isso, abriu possibilidade para novos países fornecerem essa carne.
Por fim, Marcelo Lopes cita o Japão como um grande mercado consumidor de carne suína que poderia abrir suas portas ao produto brasileiro. Esses dois últimos países, no entanto, possuem amplias exigências em termo de sanidade. O México, por exemplo, só importa carne suína de lugares que sejam livres de febre aftosa sem vacinação. No Brasil, apenas Santa Catarina detém essa certificação sanitária.
“Esta abertura de novos mercados e mesmo a manutenção dos já existentes é um processo árduo que exige envolvimento privado e governamental, além da reciprocidade usual do mercado Internacional: quem compra quer vender algo também”, cita o presidente da ABCS.
De acordo com Lopes, por outro lado, a expectativa de que o Brasil obtenha o status de todo território livre de aftosa sem vacinação em 2023 “certamente nos levara a outro patamar no mercado Internacional da carne suína e bovina”.