Depois de mais de uma semana, a greve dos caminhoneiros acabou, mas para muitos produtores rurais foram dias difíceis e de muitas perdas no campo.
O suinocultor Jorge Rambo é um deles. Com bloqueios nas estradas, os caminhões com ração não chegaram até a sua fazenda em Rios do Oeste, no Paraná. “[Os porcos] estão recebendo apenas farelo de soja e mais nada”, diz, emocionado.
Clique na imagem para assistir a reportagem:
A situação se repetiu entre os criadores de aves. Eliomar Vendrúsculo tem quatro barracões em Corbélia, no oeste do Paraná, e mais de mil frangos morreram de fome na propriedade. “Estou triste, com vontade de chorar. Cada vez perde mais e mais!”, desabafa o avicultor.
As perdas de animais atingiram vários estados. Em Goiás, frangos foram distribuídos para a população nas ruas depois que a ração acabou. Na região central de São Paulo, além da morte das aves, um outro problema: por causa da alimentação deficiente galinhas botaram ovos sem casca.
Prejuízo também para as cooperativas, que fazem o abate e o processamento dos animais. O Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná estima que o setor perdeu cerca de R$ 550 milhões durante a greve.
“Em algumas indústrias, nós vamos aumentar a produção trabalhando algumas horas a mais durante o dia; outras terão que incorporar os sábados também para recuperar os dias perdidos”, afirma Dilvo Grolli, presidente da Coopavel.
Em uma cooperativa em Cascavel, no oeste do Paraná, deixou de abater mais de um milhão de aves durante a greve dos caminhoneiros.
Por lá, o trabalho só foi retomado na última quarta-feira (30). O frango congelado, por exemplo, já pôde ser embalado e enviado à China. Os caminhões com ração também já circulam e, aos poucos, a produção volta ao normal.