O casal Danielle Priscila de Souza Cunha e Geraldo Geovani da Cunha participa do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) em Bovinocultura de Leite desde julho de 2019. De lá para cá, muitas foram as mudanças. “Com a assistência, optamos por ter menos animais, reduzir a produção, ter custo mais baixo. Isso para ter mais qualidade não apenas quanto ao bem-estar dos animais, mas da nossa vida também”, explica Danielle.
Moradores do Sítio Boa Vista, no município de Chácara, na Zona da Mata mineira, eles contam que, antes da assistência, não havia qualquer forma de gestão na propriedade. “Por isso, eu digo que mudou tudo. Hoje, anotamos tudo, antes, nossas anotações se limitavam ao gado, não considerávamos os gastos. Foi assim que conseguimos enxergar o custo elevado do nosso negócio.” No leite está a fonte de renda do casal.
O técnico Ronaldo Fagundes Filho relata que, no início, a propriedade produzia, em média, 310 litros por dia. O custo total para produzir um litro de leite era de R$ 1,43. O preço médio recebido pelo leite era de R$ 1,35. Assim o lucro da atividade era de R$ -0,08 por litro. “Esses oito centavos são negativos por que saem do pró-labore do produtor, o que significa prejuízo.” O total de vacas era de 21, sendo que, destas, 18 estavam em lactação. Assim, a média era de 17,2 litros por vaca ao dia. Hoje, a propriedade diminuiu a produção de leite para 280 litros por dia. Porém, o custo total é de R$ 1,55, e o preço médio é R$ 1,69. Assim, o lucro da atividade é de R$ 0,14 por litro. São 19 vacas, sendo 16 em lactação. A média é de 17,5 litros por vaca a cada dia.
“De toda a receita produzida, 81% eram apenas para o custo operacional efetivo, que inclui o gasto com volumoso, concentrados, medicamentos, energia elétrica e outros insumos necessários para a produção de leite. Atualmente, de toda a receita produzida, 71% são para o custo operacional efetivo”, explica o técnico.
Estrutura para as vacas
Uma das principais melhorias na propriedade de 2,9 hectares foi a construção de uma estrutura para o gado. “Não havia espaço com sombra para as vacas descansaram, assim como não havia local coberto para que elas se abrigassem em dias chuvosos. O galpão foi um dos melhores investimentos até hoje. A qualidade de vida delas melhorou muito.” Danielle conta que a estrutura é dividida em camas de areia. “É um free stall mais simples.” O free stall é um sistema que consiste em áreas com camas individualizadas, corredores de acesso e pistas de trato.
Ronaldo explica que a acomodação das vacas trouxe resultados na qualidade do leite. “Teores de proteína, gordura e contagem bacteriana total apresentavam bons índices. Porém, a contagem células somáticas (CCS) estava sempre acima dos valores exigidos, o que indicava que as vacas estavam sofrendo contaminação bacteriana, ocasionando mastite. Isso devido ao fato de ficarem muito tempo em contato com barro, gerando estresse, mastites crônicas, alto custo com medicamentos e descarte de leite por causa do período de uso de antibiótico.”
A partir da construção do free stall, o conforto térmico diminui o estresse dos animais, não há mais contato com o barro, os casos de mastites diminuíram, o custo com medicamento diminuiu e, consequentemente, houve redução no descarte de leite. “As vacas com mastite crônica foram descartadas e a CCS está com valor excelente. Essa melhora na qualidade do leite aumentou o poder de negociação da família e aumentou a receita devido à bonificação paga pelo laticínio. Lembrando que quando falamos em lucro, na metodologia do ATeG, o ‘salário’ da mão de obra familiar já foi pago. O lucro é, portanto, o que realmente sobra para investir na propriedade ou o que vai entrar a mais na conta da família”, aponta Ronaldo.
Qualificação
Em busca de qualificação e qualidade, Geovani participou de cursos como Vaqueiro, Inseminação e Alimentação; já Danielle fez os cursos Cria e Recria de Bezerras, Alimentação, Laticínios e Ordenha. “Todos os cursos foram muito importantes porque nos auxiliam em ações como cuidar das bezerras e melhoria de alimentação. Pensamos em crescer muito, aproveitando cada espaço do nosso sítio, mesmo que ele seja pequeno.”
O ATeG é realizado por meio da parceria entre o Sistema FAEMG/SENAR/INAES e o Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora. “O ATeG é um sucesso. Temos muitos relatos de crescimento de produtores da região, que estavam sem assistência na bovinocultura de leite. Espero que novas turmas sejam abertas, a fim de atendermos mais produtores”, declara o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Juiz de Fora, Domingos Frederico Netto.