09/10/2020

11:45

Aumento de 7,57% no custo de produção põe produtores de leite em alerta

Estudo de CNA e Cepea mostra que maiores altas foram em Santa Catarina (+11,53%), Rio Grande do Sul (+9,35%) e Minas Gerais (+7,71%)

O custo de produção para o produtor de leite acumula alta de 7,57% entre janeiro e agosto deste ano – o aumento havia sido de 0,19% no mesmo período de 2019. Os dados são do projeto “Campo Futuro”, parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (MNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP).

Dentre os Estados acompanhados, as elevações mais fortes foram em Santa Catarina (+11,53%), Rio Grande do Sul (+9,35%) e Minas Gerais (+7,71%). Os custos foram impulsionados pela alta generalizada dos grãos, em especial do milho e do farelo de soja, importantes componentes das rações concentradas.

Segundo o levantamento, os custos com os concentrados chegam a comprometer até 30% da receita anual de uma propriedade de bom desempenho produtivo. Ainda que a receita tenha subido mais do que os custos em 2020, a recomendação ao produtor é de cautela.

O motivo é que a forte valorização do dólar elevou os preços dos insumos, que são importados, e também influenciou a valorização doméstica dos grãos e derivados, à medida que estimulou as exportações brasileiras desses produtos.

“E esse contexto deve continuar se refletindo sobre o bolso do produtor nos próximos meses. No caso da receita, o movimento de alta no preço do leite ao produtor deve perder a força a partir de outubro, devido ao final da entressafra e a condições climáticas mais favoráveis para a produção leiteira com a chegada da primavera”, observam CNA e Cepea.

Relação de troca

De janeiro a agosto, o poder de compra do produtor leiteiro caiu frente ao mesmo período do ano passado. Com a venda de um litro de leite, o produtor comprou, em média, 1,94 quilo de milho. Em 2019, entretanto, era possível adquirir 2,53 quilos.

Para o farelo de soja, a venda de um litro possibilita a compra de 0,98 quilo do derivado, contra 1,22 quilo de janeiro a agosto do ano passado. “Isso evidencia que, apesar da recente alta na receita, o produtor perdeu o poder de compra frente o seu principal insumo”, destaca o estudo.

Projeções

Para os próximos meses, segundo o levantamento, as referências do mercado futuro sinalizam a continuidade dos preços firmes para soja e milho até o início do ano que vem. Por outro lado, os preços do leite tendem a recuar com a chegada das chuvas e a melhoria das condições das pastagens.

“Já pelo lado da demanda, a redução dos valores pagos no auxílio emergencial pode retrair o consumo observado até setembro, alterando, assim, o apetite de compra e a competição entre indústrias pelo leite no campo”, alerta. Diante disso, segundo os pesquisadores, o produtor deve ter “atenção constante”.

 

Fonte: Revista Globo Rural

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