O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), afirmou, nesta quinta-feira (5), que o Brasil deve abrir novos mercados com a conquista do título de país livre de aftosa com vacinação. O reconhecimento internacional da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) será oficializado entre os dias 20 e 25 de maio, em Paris.
Blairo participou de cerimônia de sobre a erradicação plena da aftosa na Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), com a presença do presidente Michel Temer. O governo federal lançou um selo comemorativo dos Correios com o logo: “Brasil, Livre de Aftosa”.
“Com essa certificação, vamos conseguir frequentar outros países, que são mais rígidos e pagam melhor pela carne. O simbolismo é muito grande e vai trazer um novo status para o país”, afirmou o ministro.
Durante o evento, Blairo Maggi anunciou um plano estratégico para a retirada da vacinação contra febre aftosa. A partir de 2019, o trabalho começa no Norte e segue em direção ao Sul, até alcançar todo o país, em 2023. Em 5 anos, o governo federal quer eliminar a imunização animal contra a doença e, assim, receber um novo título de país livre de aftosa sem vacinação. Hoje, apenas Santa Catarina tem este reconhecimento.
“Inicialmente, começa com Amapá, depois vem Acre, Amazonas, Roraima e vem descendo. Isso porque, o Ministério da Agricultura fez um grande estudo dos fluxos sobre os locais onde os animais vivos transitam. Esses fluxos são sempre das zonas de menor volume de produção para região de maior produção para abates e mercado”, esclareceu Blairo Maggi.
De acordo com o Ministério da Agricultura, estados como Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul querem acelerar o processo e apresentar planos paralelos ao governo para a retirada da vacina.
O presidente Michel Temer afirmou que um possível mercado novo para o Brasil é o Japão. “Num encontro com japoneses, muito se falou sobre produtos brasileiros. Acho que podemos ampliar o mercado de carne no Japão, que hoje só importante um tipo de carne”, afirmou Temer. Segundo o presidente, a erradicação da aftosa é um combate em conjunto e sem o apoio dos pecuaristas não seria possível combater a doença.
O primeiro registro oficial de febre aftosa no Brasil foi no Triângulo Mineiro, em 1895. Os focos na América do Sul coincidiram com a importação de animais da Europa e com surgimento da indústria frigorífica no Brasil.
Em 1951, foi criado o Centro Pan Americano da Aftosa e reconhecida a necessidade de ações conjuntas entre os países do continente. Já em 1992, o Ministério da Agricultura criou o Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, com a adoção de medidas regionais e da campanha sistemática da vacinação.
O último foco de aftosa foi registrado no município de Japorã, Mato Grosso do Sul, em 14 abril de 2006. Por outro lado, em 2007, o estado de Santa Catarina foi reconhecido pela OIE como a primeira zona livre da aftosa sem vacinação do país.
Hoje, o Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com 218,7 milhões de cabeças de bovinos e búfalos. É também o maior exportador de carne com vendas para mais de 140 países.
A febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre e, em seguida, provoca o aparecimento de aftas, principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido. A doença afeta bovinos, ovinos, suínos e caprinos, sendo causada por um vírus, altamente contagioso, que está presente em grande quantidade na saliva, no leite, nas fezes e até no sangue dos animais contaminados.
O principal efeito da febre aftosa é comercial. A ocorrência da doença impõe barreiras ao comércio de produtos de origem animais e ainda afeta a abertura de novos mercados.