Brasília – Enquanto trava uma dura batalha com os europeus, que restringiram suas importações de frango e pescados, o Brasil recebe na próxima quinta-feira o certificado de país livre da febre aftosa, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), com sede em Paris.
A aftosa é uma doença que ataca rebanhos de bovinos e outros animais de casco bipartido. Seu controle facilita a abertura de mercados para exportação.
“O novo status sanitário concedido por esta renomada Organização representa o reconhecimento da vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial brasileiro”, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em discurso proferido mais cedo na cerimônia de abertura da 86ª da assembleia da OIE.
O certificado atestará que a febre aftosa está controlada em todo o território brasileiro, por meio da aplicação de vacinas. A exceção é Santa Catarina, que dispensa a vacinação desde 2007. “Nosso novo grande desafio será enfrentar a etapa final do processo de erradicação da doença em nosso país e na América do Sul, ampliar nossas zonas livres sem vacinação, e, em especial no Brasil, alcançar a condição de país livre da febre aftosa sem vacinação”, afirmou o ministro.
Para chegar a essa condição, reconheceu, é preciso avançar na prevenção, vigilância e resposta a emergências que venham a ocorrer. “Serão necessários muito mais investimentos no serviço veterinário brasileiro”, disse.
Antes de Paris, Maggi esteve na semana passada na China, onde iniciou conversas para vender outros produtos de origem bovina, como carne termicamente processada, cuja venda só será possível por causa do certificado a ser emitido pela OIE. Em reunião com a área da aduana que trata de controle sanitário, foi tratada a exportação de miúdos e carne com osso, mas também de outros itens, como arroz, frutas e lácteos.
Uma missão técnica chinesa deverá vir ao Brasil no final deste mês ou início de junho para vistoriar frigoríficos. A expectativa é que até 84 plantas sejam autorizadas e exportar para aquele mercado. Além disso, na semana passada, o governo da Coreia do Sul anunciou que começará a importar carne suína do Brasil, um mercado potencial de US$ 1,5 bilhão.
Segundo o ministro, a pecuária representou um Valor Bruto da Produção de R$ 175 bilhões em 2017. No período, as exportações do complexo carne aumentaram 8,9%, somando US$ 15,5 bilhões.
Restrições – Por outro lado, os controles brasileiros sobre a produção de proteína animal têm sido duramente questionados pela Europa. Na semana passada, a União Europeia bloqueou a compra de frango de 20 frigoríficos brasileiros, por suspeita de uso de laudos sanitários falsos. Eles também informaram ao Brasil que vão descredenciar as plantas exportadoras de peixe. Nesse caso, porque as embarcações brasileiras não atendem aos padrões exigidos pelo bloco.
“Isso não é implicância da UE”, disse o consultor Pedro de Camargo Neto, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira. “O problema é a lentidão do Brasil em mostrar sua sanidade.” Ele observou que a Carne Fraca já tem mais de um ano, mas o País segue com fragilidades no controle sanitário. Por causa da Carne Fraca, os EUA fecharam seu mercado à carne bovina in natura brasileira e até hoje não retomaram suas importações.
“Choramos nossas derrotas, continuaremos nossas batalhas, mas precisamos ressaltar nossas conquistas”, disse Maggi ao Estado. “Também não gosto (das restrições dos europeus), mas preciso continuar acreditando.”