Segundo a consultoria Cogo, atingida fortemente pela peste suína africana, a China deve continuar como a principal compradora de proteínas
A pandemia da Covid-19 deve desacelerar a produção de carne dos Estados Unidos nos próximos meses, em virtude da necessidade de novas medidas de segurança e da redução do número de funcionários nas operações das unidades, de acordo com a consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio. “Não será possível atingir a capacidade total tão cedo por causa de todas as mudanças implementadas”, diz.
Em meio a preocupações em relação ao fornecimento de alimentos, que levaram o presidente Donald Trump a emitir decreto com intenção de manter as fábricas de proteínas abertas durante a pandemia, a possibilidade de escassez de carne não preocupa. “Provavelmente, não haverá todos os itens no supermercado nas próximas semanas, mas a falta de mercadoria não preocupa”, afirma.
Nos Estados Unidos, empresas de carne, como a JBS, Tyson Foods, Smithfield Foods e Cargill, fecharam as fábricas, mas, após as paralisações de unidades de processamento, o nível de produção começará a se recuperar no país.
Nesse cenário, o Brasil deve exportar entre 4,3 milhões de toneladas e 4,5 milhões de toneladas de carne de frango e entre 900 mil toneladas e 1 milhão de toneladas de carne suína em 2020. “Mesmo sob a pandemia de Covid-19, o país vem ampliando suas exportações”, destaca a Cogo.
No pós-pandemia, com as pessoas voltando a consumir, não só em casa, mas nos restaurantes e food service, os embarques devem ser mais expressivos.
“A China deve continuar figurando como o principal cliente do Brasil”, pontua. Os efeitos da peste suína africana, que assolou pelo menos metade do plantel de suínos da China, deveriam ter sido sentidos mais neste semestre, com os chineses ampliando fortemente suas compras de proteína animal para abastecer a população, mas a pandemia de Covid-19 desacelerou esse processo.
A previsão é que a crise de peste suína africana na China dure pelo menos três anos, o que continuaria a beneficiar as exportações brasileiras. “O que a China tem feito atualmente para recompor o plantel de suínos é pegar as fêmeas que nascem e transformá-las em matrizes, independentemente de sua qualidade genética, mas não é a mesma genética da matriz anterior (que foi abatida por causa da PSA)”, afirma. É necessário no mínimo 1,5 ano para que essa matriz se torne produtiva.
Além disso, no pós-PSA há uma questão fundamental: há dúvidas se a China irá continuar produzindo, como antes, 55 milhões de toneladas de carne suína/ano. “A população jovem, que está se acostumando à carne de frango, pode não retomar os níveis de consumo de carne suína”, diz.
A China também poderá manter os 50 milhões de toneladas produzidas no país para garantir a segurança alimentar e importar 5 milhões de toneladas restantes.
Fonte: Canal Rural