Técnica minimiza a necessidade de amostras de animais vivos e fornece um acesso mais fácil aos laboratórios veterinários que precisam diagnosticar o patógeno.
Cientistas do Serviço de Pesquisa Agrícola (ARS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) identificaram uma nova maneira de detectar a presença do vírus da peste suína africana (ASF). O novo método não apenas minimiza a necessidade de amostras de animais vivos, como também fornece um acesso mais fácil aos laboratórios veterinários que precisam diagnosticar o vírus.
“Identificamos uma linhagem celular que pode ser usada para isolar e detectar a presença do vírus vivo “, explicou o cientista da ARS, Douglas Gladue, em comunicado para imprensa. “Este é um avanço crítico e um tremendo passo para o diagnóstico do vírus da peste suína africana “.
A pesquisa, publicada este mês na Viruses, foi financiada por meio de um acordo interinstitucional com a Diretoria de Ciência e Tecnologia do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Departamento de Energia dos EUA e USDA. Um pedido de patente provisório para esta pesquisa foi arquivado em abril de 2020 e a tecnologia já está disponível para licença, disse o comunicado.
Vantagens
Como não existem vacinas disponíveis para prevenir o ASF, o controle de surtos geralmente depende da quarentena e remoção de animais infectados ou expostos. A detecção eficaz do vírus ASF vivo, segundo explicam os cientistas em comunicado, exigia a coleta de células sanguíneas de um doador vivo para todos os testes de diagnóstico, porque as células só podiam ser usadas uma vez.
Os pesquisadores disseram que a nova linha celular pode ser continuamente replicada e congelada para criar células para uso futuro, reduzindo o número de animais doadores vivos necessários. Assim, também estará disponível comercialmente para laboratórios de diagnóstico veterinário, que normalmente têm dificuldade de às células sanguíneas suínas necessárias para testar o vírus ASF vivo.
Os surtos de ASF continuam em porcos domésticos e selvagens em várias partes do mundo. Desde que a China registrou seu primeiro surto em 2018, a doença se espalhou rapidamente por todas as províncias da China e para outros países no sudeste da Ásia e, mais recentemente, na Índia. A atual cepa de surto é altamente contagiosa e pode causar um alto grau de letalidade em porcos domésticos, levando a perdas generalizadas e dispendiosas para a indústria.
Um estudo realizado por economistas agrícolas da Universidade Estadual de Iowa estima que o impacto econômico de um surto hipotético de ASF nos EUA poderia custar à indústria suína até US $ 50 bilhões em 10 anos, ao considerar o impacto da perda dos mercados de exportação de carne suína.
Os cientistas da ARS no Centro de Doenças dos Animais da Ilha Plum em Plum Island, Nova York, continuam pesquisando maneiras de controlar a propagação desse vírus mortal.
Na última segunda-feira (27/7), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) informou que 441 novos surtos de peste suína africana foram notificados no mundo entre os dias 10 de julho e 23 de julho.
Fonte: Revista Globo Rural