O mercado começa a unir os pontos e chega à conclusão de que o cenário de alta para a soja pode estar acabando. Os motivos são muitos. Há um pessimismo no mercado financeiro, a supersafra de soja da América do Sul está se confirmando, os Estados Unidos aumentam a área de plantio e os fundos, até então carregando um bom volume de soja, começam a se desfazer desse produto. O resultado foi a soja cair para os menores preços do ano nesta semana, segundo Daniele Siqueira, analista da AgRural. O contrato de maio caiu para US$ 9,72 por bushel (27,2 quilos).
A queda em Chicago se reflete imediatamente em todas as regiões produtoras do Brasil. E isso ocorre em um momento de câmbio não muito favorável às exportações e de forte pressão nos transportes. Ruim para os produtores que ainda não venderam a soja da safra 2016/17. E são muitos: pelo menos 55%.
A conjugação de todos esses fatores já provocou uma queda de 6% no preço da soja neste mês na Bolsa de Chicago. Os preços acompanharam a queda no Brasil. Na primeira primeira semana de março, a saca era negociada a R$ 68 em Cascavel (PR). Nesta terça-feira (28), esteve em R$ 62. Já a relação de frete da mesma cidade para o porto de Paranaguá subiu para R$ 7,2 por saca, o maior patamar desde 2000, quando a AgRural começou a fazer esse acompanhamento. Quanto maior a diferença, pior para o produtor.
Os fundos de investimentos, que estranhamente mantinham compras elevadas, partiram para as vendas, segundo Daniele. Em 14 de fevereiro tinham contratos equivalentes a 23,2 milhões de toneladas de soja. No dia 21, esse volume era de apenas 8,9 milhões de toneladas. Os principais números que afetam o mercado são a safra recorde de soja nos Estados Unidos de 118 milhões de toneladas; a do Brasil está prevista em 110 milhões, e a da Argentina deve chegar a 56,5 milhões de toneladas.
Enquanto o mercado avalia a supersafra de 2016/17, os norte-americanos poderão semear 2 milhões a mais de hectares com soja em 2017/18, segundo Daniele.
MILHO
O milho também recuou para os menores preços do ano na Bolsa de Chicago nesta semana. O contrato de maio foi negociado a US$ 5,58 nesta terça-feira (28). O segundo semestre vai conviver com os efeitos de dois fatores de peso: a produção recorde da safrinha brasileira e a redução de pelos menos 1,5 milhão de hectares na área de milho nos Estados Unidos na safra 2017/18.