08/03/2022

08:21

Combustíveis para suínos!

Existe alguma relação entre o custo de produção de suínos e o preço do petróleo?

O milho e o farelo de soja são, em síntese, os ingredientes padrões para alimentar suínos. Sempre que se busca alguma alternativa aparecem limitações importantes no sentido de volume em oferta, preço de oportunidade, equiparação nutricional e inclusão viável de uso, que acabam, geralmente, em desinteresse no uso.

Não bastassem as frustrações de safras e consequente aumento da procura e de preço, os produtores passaram a ter outros concorrentes de peso: os produtores de biocombustíveis, de grande interesse e importância mundial e, como vantagem adicional, são menos poluentes e reduzem a dependência de combustível fóssil cada vez mais raro e caro (petróleo).

O milho responde por aproximados 45% do custo de alimentação de um suíno, de modo que o impacto do preço no custo de produção de suínos é significativo. Vejamos: se consigo reduzir o valor do milho em 10%, reduzo 4,5% no preço da ração por suíno, enquanto reduzindo 10% do valor do núcleo, a redução do valor da ração não alcança 1%.

Segundo a CONAB, a safra brasileira de 2019/2020 foi de 102,5 milhões de toneladas sendo 5,3 milhões de toneladas – pouco mais de 5% –  foram destinadas à produção de etanol. Uma tonelada de milho produz aproximados 400 litros de etanol, e as estimativas são de que a produção anual de etanol apresente um crescimento constante, o que implica em consumo, e concorrência ainda maior que a atual.

Fonte: adaptado de https://somosmilhoes.com/demanda-de-milho-para-producao-de-etanol

No processo de produção do etanol, praticamente um terço do milho utilizado permanece como resíduo, um produto para alimentação animal denominado Resíduo Seco de Destilaria, ou simplesmente DDGS, caracterizado como fonte de proteína e energia.

A produção cada vez maior do biocombustível é irreversível, o que também nos mostra que haverá cada vez maior produção de DDGS, indicando oportunidade, pois o produto terá disponibilidade, uso técnico e viabilidade econômica em nutrição de suínos.

Um dos fatores limitantes do uso é a composição nutricional do DDGS que pode variar muito de acordo com o lote e a eficiência da fermentação, com as condições do processamento, com o tempo e a temperatura empregados e, ainda, conforme a variabilidade normal do milho, fazendo com que seja imprescindível conhecer a qualidade do produto antes de usá-lo na formulação da ração.

Questão também importante é o fato de que o DDGS possui bastante fibra, que sabemos, com baixíssima digestibilidade aos suínos e que interfere na digestibilidade dos demais nutrientes da composição, indicando que não basta apenas conhecer os resultados de análises laboratoriais, tornando-se necessário saber também das biodisponibilidades.

Conforme exposto, o DDGS é um ingrediente viável e que pode e deve, a partir de agora, participar da composição das rações de suínos, exigindo, porém, que o uso seja técnico, uma vez que a formulação deverá ser feita em base de proteína ideal, podendo exigir inclusive a reformulação do núcleo mineral vitamínico.

Fonte:

  • Use of dried distillers grains whit solubles (DDGS) in swine diets – Shurson, J.; Johnston, L.; Baidoo, S.; Whitney, M.
  • Uso de DDGS de milho para suínos: uma breve revisão – Corassa,A.; Lutert, I.P.A.S.; Silva, L.L.; Souza, C. Scientia Agrária Paranaensis, 2018.

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