Ao final da audiência pública conjunta das comissões de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo e Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo sobre a Matriz Produtiva do Biodigestor, a deputada Zilá Breitenbach (PSDB), na presidência dos trabalhos, consolidou a formação de um Grupo de Trabalho (GT) com o objetivo de aprofundar a análise do tema. O encontro aconteceu na tarde de segunda-feira (10), no teatro Dante Barone do Palácio Farroupilha.
Proponente da audiência pública, a deputada Zilá Breitenbach afirmou que, inicialmente, o Grupo de Trabalho vai estudar a viabilidade dos projetos de biodigestores em propriedades rurais, o que deve envolver o segmento financeiro, agricultores, indústria de equipamentos e o governo. Ela observa que o biodigestor também pode significar um fator de sustentabilidade. “É um sistema capaz de transformar matéria orgânica, como dejetos de animais, em energia. Temos com isso um potencial ecologicamente sustentável e financeiramente vantajoso, que pode ser bastante explorado por diversas cadeias produtivas”.
Bioagropec
A audiência pública iniciou com a apresentação do projeto Bioagropec pelos professores Adalberto Lovato, da Fahor, Cinei Rifell e Fauzi Shubeita, da Setrem. O projeto visa desenvolver um programa de implantação de biodigestores nas regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo Adalberto Lovato, o estudo foi iniciado em 2011 e remodelado em 2016. Uma das linhas de pesquisa da Fahor é “Tecnologia para o Agronegócio” e um dos programas desta linha envolve o desenvolvimento de equipamentos para a produção de biogás e biofertilizantes.
Os biodigestores são equipamentos que possibilitam o reaproveitamento de detritos para gerar gás e adubo. O biodigestor geralmente é alimentado com restos de alimentos e fezes de animais, acrescidos de água.
Manifestações
Para o representante da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Lino Hamann, a implantação de biodigestores pode fazer o proprietário rural, especialmente o pequeno, passar de consumidor a produtor de energia. “Desde que os projetos facilitem a mão de obra e protejam o produtor com financiamentos e garantia de compra do gás”, observou.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Irrigação, Ernani Polo, concordou com Hamann, “O produtor deve ter segurança no trabalho desenvolvido com os equipamentos”. Para ele, o processo produtivo deve ser planejado e organizado para que os setores envolvidos cheguem a resultados concretos. Polo disse, ainda que os projetos a serem implantados devem, prioritariamente, levar em conta a sustentabilidade.
Já o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador, considerou que a implantação de uma matriz produtiva de biodigestores no estado deve levar em conta o aprendizado obtido com o fracasso da política de créditos de carbono, implantada no país há cerca de 10 anos, sem resultados efetivos. “Sem o apoio necessário, o ônus fica apenas com o produtor”, registrou. Folador ainda acrescentou que o biodigestor requer manejo, manutenção e cuidados especiais, ocupando grande parte do dia do produtor.
O secretário de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, apresentou os projetos da sua pasta relacionados à matriz produtiva do biodigestor. Durante o evento, ele entregou à deputada Zilá um exemplar do Atlas das Biomassas, produzido pela Secretaria de Minas e Energia em parceria com a Universidade Integrada do Vale do Taquari (Univates). A publicação aponta os resíduos mais propícios à produção do biogás, os polos potenciais para a geração de bioetanol e de biogás e os locais em que as matérias-primas se encontram no Estado.
O secretário de Desenvolvimento e Inovação Fábio Branco e o deputado João Fischer (PP) também acompanharam o encontro. Ainda se manifestaram na audiência a representante da Secretaria estadual do Meio Ambiente, Fabiana Vitt, o presidente do sindicato das indústrias de produtos suínos do RS, Rogério Kerber, a superintendente de operações do setor público do Badesul, Janete Lontra, o diretor de planejamento do BRDE, Luiz Correa Noronha, o Superintendente do Ministério da Agricultura no RS, Roberto Schroeder, e presentantes da Caixa Econômica Federal, Uergs Três Passos, Ocergs e Associação brasileira do Biogás. Todos apoiaram a iniciativa da deputada Zilá e se colocaram à disposição para formação do grupo de trabalho.