Diante da representatividade da produção leiteira na economia do Vale do Taquari, o jornal A Hora promove, no dia 13, mais uma edição do Pensar o Vale. Autoridades gaúchas debaterão sobre os rumos e desafios da cadeia leiteira no RS.
Para a presidente do Codevat, Cintia Agostini, a discussão sobre o tema é fundamental diante da redução expressiva do número de agricultores que abandonaram o setor. Segundo ela, os índices da Emater Vales do Taquari e Caí apontavam 7.850 produtores em 2015. Em 2016, restaram pouco mais de seis mil.
Conforme Cintia, o êxodo na atividade é resultado direto da mudança nas alíquotas de importação do governo do Estado, que passou de 18% para 4%. “A medida tornou vantajoso importar o leite em pó, resultando na queda de 15% no preço pago ao produtor.”
Segundo ela, entre janeiro e maio, as indústrias gaúchas adquiriram US$ 9 milhões em leite em pó importado. O estado é o principal destino do produto no país. Em segundo lugar, aparece São Paulo, que importou US$ 5,7 milhões no mesmo período.
Diretor de Conteúdo do A Hora, Fernando Weiss acredita que a discussão precisa ser ampliada para que se encontre uma solução para esse cenário. Ressalta que o impacto econômico social de mais uma crise exige uma discussão mais ampla e integrada de todos.
“É uma das principais fontes de renda no campo e uma das poucas atividades capazes de garantir a sucessão nas propriedades”, aponta. O debate ocorre às 8h30min, no auditório do prédio 20 da Univates. O evento é aberto ao público e gratuito.
Secretário de Agricultura de Estrela, José Adão Braun ressalta o trabalho das entidades da região em tentar reverter esse quadro. Segundo ele, a situação é preocupante porque a importação de leite em pó, em especial do Uruguai, não cessa, provocando graves danos à cadeia produtiva do Vale.
“Esse leite é misturado com água e vendido no mercado como se fosse produzido aqui”, aponta. Conforme Braun, essa situação desequilibra o mercado e provoca o rebaixamento do preço pago ao produtor.
De acordo com o secretário, no ano passado, entraram no RS mais de duas mil carretas, cada uma com 25 toneladas do produto. Cada quilo de leite em pó resulta em 8,5 litros do produto reidratado. “Ninguém é contra importar, mas não em volume que comprometa a atividade.”
Lembra que nos últimos anos os agricultores realizaram investimentos significativos em genética animal, sanidade, equipamentos, dieta e instalações. Segundo ele, as agroindústrias exigem uma produção e um manejo adequado. “Houve um endividamento para encontrar as soluções, e agora enfrentamos essa concorrência desleal.”no mercado externo.