A indústria brasileira de laticínios está preparada para uma possível intensificação das medidas de isolamento social, avalia a pesquisadora do Centro de Inteligência do Leite da Embrapa, Kennya Siqueira.
Segundo ela, a corrida dos consumidores aos supermercados em busca de leite longa-vida e leite em pó levou a indústria a aumentar a produção para atender a um novo padrão de consumo. “Agora as empresas têm certo estoque para o caso de um lockdown”, explica.
Nesta semana, a região Metropolitana de São Luís, no Maranhão, se tornou a primeira capital do país a bloquear totalmente a circulação de pessoas. A medida tem sido estudada pelo governo de outros Estados conforme a contaminação pelo coronavírus avança.
Novo padrão
O presidente da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), Marcelo Costa Martins, confirma que o setor adaptou sua produção aos novos hábitos de consumo, com aumento dos estoques. No caso do leite em pó, ele ressalta que as indústrias estão trabalhando com uma “carga razoável” de produção com vistas a formar estoques.
Segundo Martins, a indústria tem avaliado semanalmente a situação do mercado para evitar que o acúmulo de estoques comprometa o faturamento em meio à pandemia. “Nesse momento, é muito complicado ter uma alta quantidade de estoques, por uma questão de capital de giro e porque não se sabe quanto tempo vai durar essa situação”, explica.
O presidente da Viva Lácteos avalia que, caso as medidas de isolamento social se intensifiquem, a população não voltará a estocar alimentos como em meados de março.
“Em um primeiro momento, como não se tinha certeza sobre a essencialidade de cada setor, a população ficou com medo e comprou o máximo de alimentos possível. Essa fase passou e agora a gente consegue manter esse fluxo de abastecimento e, mantido esse fluxo, temos como garantir que não há risco de falta de lácteos”, assegura.
Fonte: Revista Globo Rural