O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, afirmou durante o evento internacional Global Agribusiness Fórum 2018 (GAF) que a produção de carnes do Brasil deve crescer em torno de 27% nos próximos dez anos. Em pronunciamento, o ministro apontou que as carnes (bovina, suína e de frango) devem passar de 27 milhões t para 34 milhões t, em alta de 27% (+7 milhões t).
No mesmo período de tempo, de acordo com Maggi, o Brasil vai produzir 70 milhões de toneladas de grãos a mais, saltando de 232 milhões de toneladas para uma safra de 302 milhões t em 2027/2028, puxadas principalmente pela soja (156 milhões t) e milho (113 milhões t), o que representa incremento de 30%.
“O uso crescente de tecnologia, como plantio direto na palha, de sementes certificadas e novos métodos de cultivo, têm sido responsável pelo aumento da produção agrícola (30%) e corresponde ao dobro da variação de área de grãos (+14,5%)”, explicou o ministro, ao comentar a projeção agropecuária para a safra 2027/2028.
Maggi destacou ainda o fato de que a área usada para a agricultura não vai aumentar nem 15%. A pecuária também tem introduzido novas tecnologias em escala crescente. O uso de raças melhoradas, de medicamentos, controle de cruzamentos, boas práticas de manejo, entre outras técnicas e procedimentos, têm contribuído para o desempenho e a melhoria da produção.
Os números integram o estudo da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Secretaria de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (SIRE/Embrapa).
A pesquisa envolveu dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Embrapa, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), FAPRI (Food and Agricultural Policy Research Institute) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture/USDA, sigla em inglês).
Selo Brazil Agro
Durante pronunciamento no GAF, o ministro Blairo Maggi apresentou o selo Brazil Agro – Good for Nature do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento voltado para produtos da pauta de exportações do país. O objetivo do selo é associar produtos do setor a sua origem, a condições de qualidade, de sustentabilidade e de padrões internacionais.
O selo faz parte de uma política de incentivo à abertura de novos mercados, por meio de um plano continuado de negociações internacionais, que visa consolidar a imagem do país como produtor e exportador de produtos seguros para os consumidores. É uma das medidas voltadas para atingir a meta de conquistar de elevar a participação do Brasil no mercado mundial de alimentos dos atuais US$ 96 bilhões para cerca de US$ 146 bilhões.
O desenvolvimento do selo foi discutido com empresários na sede da Fiesp, em junho. A apresentação na sede da entidade fez parte de exposição sobre a Estratégia para Abertura, Ampliação e Promoção no mercado internacional do agro brasileiro. Entre as exigências para obtenção do selo, estão as boas práticas e o bem estar animal, o cumprimento da legislação, a conformidade internacional, que inclui a execução de programas de integridade (compliance), o uso sustentável dos recursos e a preservação do meio ambiente.
Durante palestra no evento, Blairo Maggi disse que nove associações que representam dezenas de empresas demonstram interesse em aderir ao selo.
Cadastro ambiental
Maggi divulgou ainda dados da Embrapa a partir de novas inserções de imóveis ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), que está sendo finalizado, que revelam o papel de produtores na preservação ambiental. Agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas destinam à preservação da vegetação nativa mais de 218 milhões de hectares, o equivalente a um quarto do território nacional (25,6%), de acordo com a Embrapa Territorial.
Os números foram levantados a partir das informações do SiCAR pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Na média, cada produtor rural utiliza apenas metade de suas terras, de acordo com os dados. A outra metade é ocupada com áreas de preservação permanente (às margens de corpos d’água e topos de morros), reserva legal e vegetação excedente. O centro de pesquisa estimou o valor do patrimônio fundiário imobilizado em preservação ambiental e chegou à cifra de R$ 3,1 trilhões.