O preço do litro do leite, do tipo longa vida, disparou na última semana nos supermercados de Sorocaba. Enquanto a caixa de um litro era vendida na última semana de maio por até R$ 2,39, na primeira semana de junho o preço saltou para, em média, R$ 3,69, o que representa um aumento em torno de 50% para o consumidor e de mais de R$ 1.
Os gerentes de supermercados afirmam que o leite chegou mais caro por causa da paralisação dos caminhoneiros e da entressafra, que ocorre nesta época do ano para os produtores da região Sudeste. Segundo a pesquisa mensal da cesta básica sorocabana, feita pela Universidade de Sorocaba (Uniso), no mês de abril deste ano o litro do leite longa vida era vendido, em média, a R$ 2,63. Os dados de maio ainda não foram divulgados.
A Cooperativa de Laticínios de Sorocaba (Colaso) — que faz parte do grupo Unium, também com as cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal — informou que o aumento no preço do leite é reflexo do menor volume nesta época e consequência da quantidade de leite que foi jogada fora durante a paralisação dos caminhoneiros.
“Além disso [perdas por causa da greve], estamos na entressafra do produto, período em que a produção também é menor. Com isso, o produto está chegando ao consumidor final com um impacto no preço ainda maior”, aponta a cooperativa, que tem sede em Itapetininga, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).
Vendeu rápido
No supermercado Coop da Árvore Grande, o litro do leite da marca mais barata era vendido na manhã de ontem por R$ 3,69. O mesmo tipo de leite, longa vida, mas da marca mais cara, era vendido a R$ 4,99. O gerente Reginaldo Lopes disse que o estoque que havia antes acabou rapidamente, principalmente com a paralisação dos caminhoneiros, quando o produto ainda era encontrado nas prateleiras por até R$ 2,39 o litro.
“O estoque que tínhamos para um mês acabou em 15 dias, pois as pessoas compraram mais com medo do produto começar a faltar. Porém, neste momento a produção do leite é menor por conta da entressafra e a greve dos caminhoneiros afetou ainda mais a produção, o que provocou esse aumento maior”, afirma. Segundo Lopes, a previsão é que o preço do leite volte a cair daqui a dois ou três meses. “O leite que estamos comprando já está 24% mais caro e o supermercado tem que repassar o preço”, diz.
No supermercado Paulistão, também na Árvore Grande, o litro do leite mais barato era vendido a R$ 3,69. O gerente, Valdeni Ferreira Cotrim, disse que o preço para o consumidor teve um aumento de cerca de 37%. “Estávamos vendendo o litro do leite integral por R$ 2,89 até a semana passada e no início do mês passou para R$ 3,98 em média.”
Consumidores reclamam e reduzem a quantidade
Quem foi em busca de leite nos supermercados se espantou com o aumento no preço. Apesar de estar mais caro, tem supermercado que limita a venda para até 12 unidades por cliente. O vendedor Leandro Herculano, 34 anos, ficou surpreso ontem. Com o litro custando quase R$ 4, ele optou por uma marca mais barata. Acabou levando apenas um litro por R$ 3,69. “Está muito caro e subiu demais. Acredito que o preço alto desse jeito é reflexo da greve dos caminhoneiros. Como não consumo tanto leite em casa, o aumento não irá impactar tanto no orçamento da família”, avalia.
O advogado Marcelo Mesquita, 44, também ficou impressionado com o preço do litro do leite. Ele disse que possui dois filhos pequenos e que por isso a família consome bastante. “Meus filhos tomam bastante leite e dependendo da marca o litro está quase R$ 5. Subiu demais, não imaginava que iria ficar tão caro”, reclama. Mesquita admite pagar o preço mais caro, pois não alternativa para substituir o leite. “Meus filhos não gostam nem de leite em pó, então, não tem jeito, vou ter que pagar mais caro e levar assim mesmo.”
Os consumidores também notaram um reflexo de preços maiores em produtos que são derivados do leite, principalmente o queijo. Segundo os gerentes dos supermercados, os laticínios estão chegando com preços maiores, em torno de 12%.