As cotações do animal vivo registram valorização de até 40% em julho, de acordo com o Cepea. Retomada econômica no Brasil e exportações justificam
Os preços do suíno bateram novo recorde nominal, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Na média entre São Paulo e Minas Gerais, incluindo frete, a cotação do animal vivo chegou a R$ 6,76 por quilo na terça-feira, 28, alta de 34,5% em julho. Já na média de Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em que o animal é retirado na granja, ou seja, sem o frete, o preço chegou a R$ 5,92 por quilo, valorização de 40,2% apenas neste mês.
Em relação à demanda interna, pesquisadores do Cepea indicam que a retomada da atividade econômica em algumas regiões consumidoras importantes entre junho e julho favoreceu a procura pela carne suína.
Além disso, as exportações da proteína em julho também podem bater recorde, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume embarcado nas quatro primeiras semanas do mês chegou a 76,58 mil toneladas, com média diária de 4,25 mil toneladas. Se esse ritmo for mantido até o fim do mês, o volume total será de 97,86 mil toneladas, acima do recorde anterior, registrado em maio deste ano, de 90,7 mil toneladas.
Tendência para o segundo semestre
A pesquisadora do Cepea Juliana Ferraz afirma que a valorização dos preços é disseminada em todas as praças acompanhadas. Na região de Santa Catarina, aliás, o recorde histórico é registrado também em termos reais, ou seja, considerando os efeitos da inflação.
Ela projeta que o cenário de oferta restrita de animais em peso ideal para o abate deve se manter nos próximos meses e diz que essa também é uma expectativa do setor. De acordo com Juliana, o ciclo do suíno e do bovino é mais longo que o de aves, por exemplo. Com isso, os ajustes de oferta são mais demorados e impedem o aumento da disponibilidade no curto prazo.
Juliana adiciona que a alta do preço da carne bovina, também puxada por exportações recordes, é um dos principais fatores a influenciar a valorização de outras proteínas, como a carne suína.
Porém, a pesquisadora alerta que os custos de produção também aumentaram, com recordes de preços renovados a cada mês. Dessa forma, os preços das proteínas quebrando marcas históricas representam mais um alento para o setor do que propriamente uma grande melhora das margens. O farelo de soja, por exemplo, um dos principais insumos para o setor, encontra-se em patamar bastante elevado e gera uma piora na relação de troca para o produtor neste mês de julho em relação ao mesmo período do ano passado.
Fonte: Canal Rural