Maior produtor nacional de aves, Estado também tem a segunda maior produção de milho do país.
Enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul anunciam redução da produção de frangos para contornar a forte alta do milho no mercado interno, no Paraná, o setor tem conseguido obter preços até 19% mais baixos com o principal insumo para alimentação dos animais. Embora também enfrentem aumento de custos este ano, as granjas paranaenses ainda estão longe de pagar mais de R$ 80 pela saca de milho.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural do Estado (Deral), o preço médio do grão na semana encerrada no último dia 31 de outubro ficou em R$ 66,42 no Paraná ante R$ 81,89 apontados pelo Cepea para a saca de 60 quilos em Campinas, que baliza o preço nos demais Estados.
“O Paraná é um Estado produtor de grãos e agora, após a colheita, os armazéns estão cheios de soja e milho ainda. Com isso, ele reúne as duas vantagens: a fartura de grãos e uma mão de obra qualificada. Por isso é o maior produtor do país, porque reúne as duas condições”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Irineo Da Costa Rodrigues.
A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que os paranaenses colham mais de 16 milhões de toneladas de milho nesta temporada, a segunda maior produção do país – atrás apenas de Mato Grosso – e um crescimento de 7,1% ante a safra 2019/2020. Desse total, o Deral estima que 14% já tenham sido comercializados até o final de outubro, índice que chega a 54,7% no Mato Grosso, principal Estado exportador do país.
“Eu diria que o Paraná é competitivo por ter um grão mais barato, sem dúvida nenhuma isso é um bom diferencial”, completa Rodrigues.
Oferta insuficiente
Segundo e terceiro maiores produtores de frango depois do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm uma produção de milho estimada pela Conab de 2,9 milhões e 5,7 milhões de toneladas, respectivamente. O volume, segundo o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Dirceu Talamini, é insuficiente para atender à demanda local, com um déficit na oferta de até 5 milhões de toneladas no mercado catarinense e de dois milhões de toneladas no mercado gaúcho.
“Tanto Santa Catarina quanto o Rio Grande do Sul têm pouca área agricultável e têm priorizado o plantio da soja, cujos custos de produção são menores gerando maior rentabilidade ao produtor”, explica o pesquisador, ao lembrar que a baixa oferta de milho na região é um problema “histórico”, agravado pelo aumento das exportações no último ano e que limita o crescimento da produção de aves e suínos no Sul do país.
“A produção brasileira de milho tem crescido bastante e, obviamente, se esse milho todo ficasse no país, o abastecimento seria muito mais tranquilo. Mas no momento que ele tem acesso ao mercado internacional com rentabilidade na exportação, com negócios feitos muitas vezes antes do plantio, você causa esse problema de escassez”, observa Talamini.
Fonte: Revista Globo Rural